PEDALADAS FISCAIS –
O INÍCIO DA INVESTIGAÇÃO – DIREITO FINANCEIRO EM TELA
AUTOR: Antonio Carlos Costa d'Ávila Carvalho Júnior - Professor de Orçamento Público e Gestão Fiscal -
professordavila@hotmail.com
OBSERVAÇÃO: permitida a reprodução, desde que citadas a fonte e o autor.
A face mais conhecida das “pedaladas fiscais”...
... É aquela
em que a União atrasava o repasse de recursos financeiros a bancos públicos com
o objetivo de evidenciar uma situação fiscal melhor do que a real.
O
Jornal “O Estado de São Paulo”, em texto dos jornalistas João Villaverde e
Adriana Fernandes, tem publicado na rede mundial de computadores um
“infográfico” muito didático sobre tais operações. Nele, os jornalistas informam o seguinte:
A "pedalada
fiscal" foi o nome dado à prática do Tesouro Nacional de atrasar de forma
proposital o repasse de dinheiro para bancos (públicos e também privados) e
autarquias, como o INSS. O objetivo do Tesouro e do Ministério da Fazenda era
melhorar artificialmente as contas federais. Ao deixar de transferir o
dinheiro, o governo apresentava todos os meses despesas menores do que elas
deveriam ser na prática e, assim, ludibriava o mercado financeiro e
especialistas em contas públicas.
Para
investigar tais atrasos, em 21 de agosto de 2014, o Procurador do Ministério
Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPjTCU), Júlio Marcelo de
Oliveira, redigiu Representação (a qual
anexou diversas reportagens e matérias jornalísticas) por intermédio da qual requereu ao Ministro José Múcio Monteiro
a realização de inspeção no Banco Central do Brasil e no Tesouro Nacional,
órgãos que integram a lista de unidades jurisdicionadas da Secretaria de
Controle Externo da Fazenda Nacional do TCU (Secex Fazenda).
No dia
25 de agosto de 2014, por intermédio de despacho, o
Ministro José Múcio determinou a autuação da representação e a manifestação da
Secex Fazenda em relação ao pedido formulado pelo Procurador Júlio Marcelo de
Oliveira.
A
representação foi autuada com o número TC 021.643/2014-8, e a manifestação (Auditor, Diretor e Secretário) da Secex
Fazenda, que concordou com proposta feita pelo Procurador, foi concluída entre
os dias 10 e 12 de setembro de 2014. A realização da inspeção foi
definitivamente autorizada pelo Ministro
José Múcio Monteiro em 15 de setembro do mesmo ano.
O que
poucos sabem, no entanto, é que a investigação das “pedaladas fiscais” não teve
início com referido processo.
O INÍCIO da investigação das “pedaladas fiscais”
Em 09
de junho de 2014, elaborei Representação e a encaminhei
ao então Secretário de Controle Externo da Fazenda Nacional, por intermédio da
qual solicitei autorização da Corte de Contas para a realização de diligências
junto à Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e ao Ministério da Educação (MEC)
com o objetivo coletar informações sobre:
(i)
atrasos no repasse a Estados e Municípios de recursos de royalties do petróleo,
de compensações financeiras pelo uso de recursos hídricos e do salário
educação; e
(ii) os
efeitos de tais atrasos sobre o cálculo do resultado fiscal (estatísticas
fiscais) efetuado pelo Banco Central do Brasil.
No dia
28 de julho de 2014, o Ministro José Múcio Monteiro conheceu da representação e
autorizou a realização das diligências propostas. O processo respectivo foi
autuado com o nº TC 015.891/2014-3.
Posteriormente,
em face da semelhança de objetos, elaborei instrução propondo ao Ministro-Relator o apensamento do TC 015.891/2014-3 (atraso no
repasse de royalties e FNDE a entes federados) ao TC 021.643/2014-8 (atrasos no
repasse de recursos a bancos públicos). O despacho com a autorização foi
exarado em 29 de setembro de 2014 e o processo foi apensado no dia subsequente.
Como
irão mostrar as próximas postagens, todos os achados e constatações
relacionados ao TC 015.891/2014-3 foram relatados em conjunto com aqueles relativos
aos objetos do TC 021.643/2014-8, mesmo porque os trabalhos de inspeção foram
realizados pela mesma equipe.
Você também pode entender como toda a investigação teve início, assistindo ao vídeo abaixo. Aproveite!
Você também pode entender como toda a investigação teve início, assistindo ao vídeo abaixo. Aproveite!
FIM
Nenhum comentário:
Postar um comentário